SÓ PARA VERSOS QUE LI...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

o livro por vir

Borges compreende que a perigosa dignidade da literatura não é a de nos fazer supor, no mundo, um grande autor absorto em suas mistificações sonhadoras, mas a de nos fazer sentir a aproximação de uma estranha potência, neutra e impessoal. Ele gosta que digam de Shakespeare: 'Ele se parecia com todos os homens, exceto no fato de se parecer com todos os homens.' Ele vê, em todos os autores, um só autor que é o único Carlyle, o único Whitman, que não é ninguém. Reconhece-se em George Moore e em Joyce - poderia dizer em Lautréamont e em Rimbaud -, capazes de incorporar em seus livros páginas e figuras que não lhe pertencem, pois o essencial é a literatura, não os indivíduos; e, na literatura, que ela seja impessoalmente, em cada livro, a unidade inesgotável de um único livro e a repetição fatigada de todos os livros."

  p. 139

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