"ADORÁVEL: Não conseguindo nomear a especialidade de seu desejo pelo ser amado, o sujeito apaixonado chega a essa palavra um pouco tola: adorável!"
[p.13]
AFIRMAÇÃO
"...o que
me anima surda e obstinadamente não é tático: aceito e afirmo fora do
verdadeiro e do falso, fora do êxito e do malogro; estou destituído de
toda finalidade, vivo conforme o acaso (a prova é que as figuras do meu
discurso me vêm como lances de dados). Confrontado com a aventura
(aquilo que me ocorre), não saio nem vencedor, nem vencido: sou trágico.
(Dizem-me: esse gênero de amor não é viável. Mas como avaliar a
viabilidade? Por que o que é viável é um Bem? Por que durar é melhor que
inflamar?)"
[p.16-17]
Um pontinho no nariz
ALTERAÇÃO
"(O horror de estragar é ainda mais forte que a angústia de perder,.)
[p. 21]
AUSÊNCIA
"Essa ausência bem suportada, não é outra coisa senão o esquecimento. Sou momentaneamente infiel. É a condição da minha sobrevivência, se não esquecesse, morreria. O enamorado que não esquece de vez em quando, morre por excesso, cansaço e tensão de memória (como Werther)."
[p. 28]
A carta de amor
"Quando
Werther (em missão junto ao Embaixador) escreve à Charlotte, sua carta
segue o seguinte plano: 1. Que bom pensar em você! 2. Aqui estou eu num
meio mundano e, sem você, eu me sinto muito sozinho; 3. Encontrei alguém
(a senhorita de B...) que parece com você, e com quem posso falar de
você; 4. Faço votos que possamos estar juntos.- Variações de uma mesma
informação, como um tema musical: penso em você.
O que quer dizer ‘pensar em alguém?’ Quer dizer: esquecê-lo (sem
esquecimento a vida é impossível) e despertar frequentemente desse
esquecimento. Por associação, muitas coisas te trazem para meu discurso.
‘Pensar em você’ não quer dizer nada mais que essa metonímia. Por que,
em si, esse pensamento é vazio: eu não te penso, simplesmente te faço
voltar (na mesma proporção que te esqueço). É essa forma (esse ritmo)
que chamo de ‘pensamento’: nada tenho para te dizer..."
[p.32]
Elogio das lagrimas
"me faço chorar para provar que minha dor não é uma ilusão: as lágrimas são signos e não expressões."
[p.42]
Eu te amo
BARTHES, Roland. Fragmentos de um discurso amoroso. Tradução de Hortência dos Santos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1981
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