"Essa
ligação com o erro, essa relação difícil de atingir, ainda mais difícil
de manter, que se choca, naquele mesmo indivíduo que o erro mantém
sobre seu fascínio, com uma dúvida, um desmentindo, essa paixão, essa
atitude paradoxal concerne também ao romance, o mais feliz dos gêneros,
do qual se disse sempre, porém, que chegou a seu termo. E isso era
afirmado, não porque ele não produzia
mais grandes obras, mas cada vez que grandes escritores escreviam
grandes romances, unanimemente reconhecidos como livros literariamente
consideráveis. É que, a cada vez, esses autores pareciam ter quebrado
alguma coisa: eles não esgotavam o gênero como fez Homero com a epopeia,
mas o alteravam com tal autoridade e um poder tão embaraçoso, às vezes
tão embaraçado, que não parecia mais possível voltar à forma
tradicional, nem ir mais longe no uso da forma aberrante, nem mesmo
repeti-la. Isso foi dito na Inglaterra à respeito de Virginia Woolf ou
de Joyce; na Alemanha, a propósito de Broch, de Musil e mesmo de A
montanha mágica." [157]
"Diga-se o que
disser, nem Proust nem Joyce fizeram nascer outros livros que lhes
assemelhem; eles parecem não ter outro poder se não o de impedir os
imitadores e desesperar as tentativas semelhantes. Eles fecham uma
saída." [158]
Nenhum comentário:
Postar um comentário