a viagem
(…)
Sentou-se na terra, agarrando os dois joelhos juntos, e olhou em frente
sem ver. Por algum tempo observou uma grande borboleta amarela que
abria e fechava suas asas muito lentamente sobre uma pedra chata.
— O
que é estar apaixonada? — perguntou depois de um longo silêncio; cada
palavra ao surgir lançava-se num mar desconhecido. Hipnotizada pelas
asas da borboleta, e aterrorizada pela descoberta de uma terrível
possibilidade na vida, ela ficou sentada mais algum tempo. Quando a
borboleta voou, afastando-se, ela se ergueu, e com seus dois livros
debaixo do braço voltou para casa novamente, como um soldado para uma
batalha.
Virginia Woolf, A Viagem, tradução de Lya Luft. Editora Novo Século. p. 264
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